Procuradores do MPT-SP buscam parcerias para investigar riscos de novas tecnologias no trabalho

Órgão tem como objetivo ajudar a fomentar políticas públicas voltadas aos impactos das novas tecnologias no meio ambiente do trabalho e nas relações de emprego

São Paulo, 23 de abril – O Ministério Público do Trabalho (MPT) começa a investigar os efeitos das novas tecnologias, em especial a nanotecnologia, sobre os empregos e sobre a saúde ocupacional de trabalhadores. Para isso, procuradores buscam articular-se junto a pesquisadores e técnicos especialistas nas novas tecnologias para compreender melhor seu alcance e impactos.

De acordo com o procurador do Trabalho Patrick Maia Merísio, do MPT em São Paulo, esteve na segunda-feira (23/4) em entrevista para a Rede de Pesquisa em Nanotecnologia, Sociedade e Meio-ambiente (Renanosoma), o MPT já investiga empresas que se utilizam de processos nanotecnológicos, como a indústria da sílica e do amianto.

“Queremos aprofundar essas investigações ligadas ao meio ambiente ocupacional”, afirma. “O objetivo é saber como as novas tecnologias impactam no emprego, nas condições de vida e de trabalho”. Ele cita como exemplo a robotização excessiva. “Existem casos internacionais comprovados em que trabalhadores tiveram que seguir o ritmo dos robôs até a exaustão”.

Dentre as novas tecnologias incluem-se a nanotecnologia, a biotecnologia, a internet das coisas e a inteligência artificial. Estima-se que nos próximos anos elas possibilitarão às empresas economizar cerca de U$ 9 bilhões em custos que hoje possuem com trabalhadores (fonte: The Economist, julho de 2016). “Essas novas tecnologias têm um lado que pode ser muito positivo para a saúde e segurança do trabalhador”, afirma Patrick ao lembrar dos novos equipamentos de segurança que vêm sendo desenvolvidos. Entretanto, “elas não necessariamente implicam em melhores condições de trabalho. Devem ser reguladas, assim como suas aplicações”.

Ele cita como exemplo a proteção do trabalhador contra a automação, prevista na Constituição Federal. A substituição de pessoas por máquinas e computadores irá gerar, além da perda de empregos, uma precarização ainda maior nas relações de trabalho. Um dos exemplos é o trabalho intermitente recentemente autorizado Reforma Trabalhista, que será intensificado com as mudanças tecnológicas.

No MPT, esse campo de estudos é novo. O órgão busca articular-se com pesquisadores, universidades, sindicatos e outros atores sociais para poder embasar seus procedimentos e propor, no futuro, políticas públicas.
A entrevista com Patrick Maia Merísio ao Renanosoma pode ser conferida no link https://www.youtube.com/watch?v=XgPiVlhdDKc

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